terça-feira, julho 29, 2008

ULTRAMARATONA ATLÂNTICA





E pronto, decidi acabar a época em beleza com o Melides - Tróia. Já me estavam "atravessados" estes 43km em areia desde o seu reatamento em 2005 ( depois das poucas edições do início da década de 90), finalmente lá vou eu!
Da preparação não tenho muito a dizer, depois do campeonato nacional das CA´s, parei uma semana para a habitual "engorda" ( que continua). A que passou fiz apenas 2 treinos, mas de 3hrs cada ( que plano de treinos mais louco)! Ontem fiz 2hrs em areia solta para testar as polainas que o Hébil me trouxe de Paris (F. Telha - Lagoa (margens)e regresso) e estão aprovadas! Hoje uma corrida com a Ângela a rolar, amanhã um fartlek, na sexta 30m para desentorpecer a pernas e acabou-se a "impreparação". Espero ainda assim acabar a "maratona das areias" portuguesa e ser mais um "REI DAS AREIAS" depois 43000mts sobre areia da praia em autoabastecimento e temperatura a rondar os 30º. Vai ser um belo desafio sem dúvida, mas eu gosto é deles!

Fotografias tiradas na edição de 2006

segunda-feira, julho 28, 2008

QUEM ARRISCA NÃO PETISCA (PARTE II)



Eu com o queixo "remendado" (depois da navegação "épica") com a malta a estudar a "cábula" para a última etapa do 1º dia

Após as acidentadas etapas do dia e depois de um período mais alargado de descanso ( fruto da anulação da etapa de canoagem), partimos para a última etapa do dia: BTT nocturno com 55km de distância máxima, 13 cps para 3h15m. Achamos que podia ser esta a oportunidade de recuperarmos ( já que a canoagem não o foi), a distância entre as equipas da Haglofs e Azóia Ciclomarca e chegar ao segundo lugar já que seria improvável alcançarmos o Clube de Praças que continuava em 1º com mais 7cps que nós. Separava-nos nesta altura um recuperável cp da 2º classificada e estávamos empatados com a terceira, classificação que nos daria o título de vencedores da Taça de Portugal de Corridas de Aventura.
O BTT é das nossas melhores especialidades e a etapa apesar de não nos correr da melhor maneira (fizemos 9 cps quando sem stress podias ter feito 10) colou-nos ao 2º classificado mas com menos tempo o que nos tornava os virtuais vencedores da referida taça. Chegamos nessa condição à meta já próximo da uma da manhã e recebemos uma retemperadora sopa, que longe de se comparar com às da minha Mãe,ainda assim soube divinalmente depois de tanto esforço. Seria agora hora de comer uma massa ( os tais hc que a malta queimou o dia todo), e dormir alguma horas pois o relógio anunciava o despertar para as 6h15 do dia seguinte com 1ª etapa pedestre a iniciar-se às 7H00.
A organização havia bonificado (mal) as equipas que se fizeram ao mar, com a diferença de tempo entre a entrada da etapa e o tempo limite para o fecho da mesma, não contabilizando o tempo passado no mar ( mais de 1h), nem as equipas que tinham conseguido chegar ao 2º cp ( e foram poucas). Com esta decisão fomos, “bonificados” com 30 m, ou seja entramos este tempo mais cedo na etapa do dia. Esta era uma etapa ( a 6º) com 31km de distância máxima 13cps mais 1 de chegada para um tempo limite de 3.15 ( mais o 30m).
Foi uma etapa dura mas na qual nos mantivemos num grande ritmo e sempre em bloco, mostrando que estamos uma equipa cada vez mais homogénea. Fizemos aquilo que seria normal fazer numa boa prova de aventura, aliar a estratégia com o melhor desempenho físico. No entanto esta parecia não ser a melhor forma de abordar esta competição na qual arriscar não era sinónimo de “petiscar”. Fizemos pontos distantes que nos exigiram um enorme esforço e deixamos pontos próximos da chegada que certamente nos aumentariam a contabilidade e poupariam esforços desnecessários. Um mau alinhamento das etapas, uma espécie de “zig-zag” pouco lógico para quem se habituou a fazer da sua grande capacidade de resistência ( aliada a uma boa navegação) a sua melhor arma. Fizemos 8 cps ( achamos que fizemos 9) quando as nossas directas adversárias, fizeram 9 sem moerem muito, estávamos agora novamente em 3º, mas algo esgotados da etapa e, digamos, também um pouco desiludidos.
Animamos na etapa seguinte, um BTT de 30km, 7+1 cps para 2h. Digo isto porque decidimos descomprimir sem levantar o pé do acelerador, o que foi bom para "relaxar". Apesar desta descontracção que nos ajudou mais psicologicamente que fisicamente não conseguimos passar para 2º, isto porque os Haglofs fizeram também 5 cps. Desta forma mantínhamos-nos até ao SCORE 100, última etapa da prova em 3º lugar, o que digamos para a quantidade de “azares” do dia anterior até nem era mau de todo ( digo azares, porque efectivamente o foram).
O SCORE 100 era constituído por um percurso urbano ( no Cadaval) no qual estavam em jogo 2 cps. Estes tinham cores diferentes e a estratégia era a de que cada elemento da equipa “picasse” uma só cor e desta forma a soma dos valores atribuída a cada baliza totalizasse no final 100 pontos. Podíamos ainda fazer os percursos em separado pois eram distribuídos 3 mapas ou ainda juntos caso quiséssemos. Optámos pela 1ª alternativa que nos pareceu ser a melhor isto apesar da pouca experiência minha e da Esmeralda, pois o percurso parecia ser relativamente fácil.
Não nos correu bem e rebentamos a etapa chegando já depois da hora do seu fecho. A inexplicável ansiedade e até nervosismo com que iniciamos este último segmento da prova, fez com que não tivesses a serenidade de definir a melhor estratégia que seria a de a termos feito em conjunto. No entanto a maior consequência deste estado de espírito foi a falta de concentração da equipa relativamente às horas de chegada, é que normalmente temos cábulas que nos auxiliam a dizer uns aos outros o tempo dispomos na etapa o que já “consumimos” e quais a actividades a realizar, desta vez, todos(!) nos esquecemos de “cabular”!
Foi-se o campeonato, a taça e o pódio, mas reforçamos a certeza que para o ano continuaremos a lutar por um lugar cimeiro nas corridas de aventura em Portugal. Uma maior experiência, melhores desempenhos e algumas disciplinas técnicas ( canoagem, cordas, orientação, outros), melhor preparação física e psicológica e reforço do espírito de equipa serão os grandes “trunfos”.
Aprende-se errando é certo ( e esta prova foi um bom exemplo disso), mas penso que a frase que melhor define esta competição aziaga para o CAB que não colocou à prova as suas maiores valias é a contrária da linguagem proverbial original: QUEM ARRISCA NÃO PETISCA, n melhor condição física da época foi que fizemos




O 1º momento da equipa CAB/ Terra Livre em Chaves. A época define-se para mim como: estou a fazer o que gosto com quem gosto e onde gosto!
Obrigado pelo companheirismo e espírito competitivo, beijos e abraços!

quinta-feira, julho 17, 2008

QUEM ARRISCA NÃO PETISCA – RAID DAS INVASÕES FRANCESAS – CAMP. NACIONAL DAS CA´S


Partida

Um Cp na paisagem

As primeiras viragens ( ainda o mar não tinha atingido o "pico" de fúria)

Eu a ouvir o Ricardo e a medir a altura das ondinhas

Ó Zé aperta o coletinho que te vais fazer ao mar

FOTOS: Maria Amador ATV




Prólogo

O tempo de intervalo entre a última prova da Taça na Serra da Freita e esta não foi o mais desejável para que se mantenha alguma “homogeneidade competitiva” nas equipas que participam nas CA´s, digo eu. Foram 3 meses de intervalo, nos quais o corpo e sobretudo a mente se esqueceram das exigências do que é preparar e participar numa prova desta natureza. Apesar disso, os treinos da equipa foram regulares e até melhorámos alguns desempenhos "mais técnicos" o que fez com que chegássemos à véspera da prova com acima de 1 milhar de quilómetros de corrida, caminhada, BTT e canoagem no corpo. Arriscaria até dizer, que para esta prova estávamos globalmente mais bem preparados do que em todas as que havíamos feito até então.
Partimos para o 1º Campeonato de Corridas de Aventura sob a égide da FPO em Torres Vedras, com a moral em alta e com o estatuto de “elegíveis” ao pódio, fruto da boa condição demonstrada nas provas anteriores que resultaram em vitórias nas duas últimas competições. A ajudar a soprar esta vela de confiança, tivemos ainda como presente uns bonitos equipamentos oferecidos pelo patrocinador e um tardio mas reconfortante jantar no Bombarral. Tudo corria às mil maravilhas, augurando-se para o dia seguinte um fantástico dia de aventura ( e foi-o sem dúvida) e sucesso competitivo. Secretariado, estender o saco-de-cama no pavilhão municipal de T. Vedras e sonhar ainda um pouco acordado com o desafio que se seguiria completou este dia.

1º dia

Preparar logo de manhã a bicicleta, os equipamentos e os abastecimentos são tarefas que requerem concentração. Temos de fazer uma antevisão do que vai ser a prova através do “raidbook” para que possamos ter o que vai ser necessário durante as etapas. Isto porque se seguirá um “carrossel” de cerca de 14hrs, nas quais os tempos de transição devem ser mínimos. Vestir, comer, hidratar, colocar materiais obrigatórios para cada etapa, lubrificar e ver o estado geral das bicicletas é decisivo para um bom resultado final. Nesta fase além dos atletas é fundamental o papel da assistência e nesta estávamos bem servidos com a experiente Ângela.
A 1ª etapa era uma pedestre circular e tinha como limite 3hrs, 12Cps (alguns A e B, sendo validados o conjunto) e 21km de distância máxima (feitos pela melhor opção). Após a partida, reparei que T. Vedras é circundada de montes e que a maioria dos Cps se situavam nas cotas mais altas, os restantes estavam dispersos na cidade. Mantivemos a equipa em bloco e a etapa correu-nos bem com 11 cps feitos que nos colocou no 2º lugar ( a super equipa dos Praças da Armada fez os 12). Partimos para o BTT ( 14 Cps+ 1 chegada, 50km melhor opção e 4.15 de limite) confiantes. Nada fazia prever que alguma desconcertação nos afectaria e que dai resultaria alguma ansiedade que se manteve durante toda esta etapa. Até o facto de não ter deixado o tempo suficiente o sportident numa estação que ainda não tinha sido “acordada”, fez com que nos fosse descontado um CP (devo ter sido o 1º a por o sporid e com a pressa de seguir nem ouvi a estação apitar). Fizemos 10Cps, quando seria natural termos feito muitos mais ( pela qualidade do navegador e boa condição física de todos) e passamos da 2ª posição para a 4ª.
Mais uma pedestre se seguiu ( 8+1 cps, 18kms para 2.45hrs) com pontos a picar em grutas e uma escalada com uma via grau 5 ( aqui só o António é que dá cartas) que acabava na praia de Porto Novo onde começaria a etapa de canoagem. Fizemos 6 Cps e recuperámos uma posição (3º) a um cp do 2º e a já sete do 1º que demonstrava ser claramente a equipa mais forte ( o seu 2º lugar na prova internacional do Estoril XPD diz tudo). Não foi uma boa etapa, mas também não foi má. Acusámos alguma “ressaca” da anterior e o capitão da equipa achou que iríamos recuperar na canoagem onde já demonstramos ser uma equipa forte. Até aqui, apesar das diferentes contrariedades o António, a Esmeralda e eu, estávamos bem fisicamente apesar de um pouco beliscados psicologicamente pela etapa de BTT, seguia-se portanto a etapa que julgávamos decisiva, a canoagem.
A nortada dos últimos dias no Barreiro durante os treinos para a prova, já tinha produzido os seus resultados num treino de canoagem no Tejo no qual tive de ser resgatado pela PM agarrado a uma bóia de sinalização com o Kayak a ameaçar desaparecer para sempre no traiçoeiro “mar da palha”. Juntou-se a esta história para “contar aos netos” uma outra, a de pela 1ª vez ter visto os “roazes corvineiros”( para quem não sabe são uma espécie de golfinhos que habitam os estuários do Tejo e Sado) no “meu” Tejo. Só os “avistara” na minha imaginação através daquilo que o meu pai me contara de que antigamente estes quase míticos seres passeavam no rio à vista dos homens antes da horrível poluição das últimas 4 décadas que destruíram a rica fauna desta zona do Tejo. Pertenciam pois os golfinhos aos meu sonhos de meninice, quando graças à nortada, ao naufrágio, às vistas de uma lancha da PM e ao olhar sagaz do meu irmão, estas fantasias se tornaram realidade, bendito dia!
Mas os bons ventos misturam-se alternadamente com os maus. Os da Praia da Aberta apesar de amenizarem o dia, sopravam demasiado fortes tornando o mar demasiado “enrugado” para o meu gosto e para uma eficaz circum navegação Esta etapa tinha 10Cps ( 4 duplos e 2 singles) e premiava os remadores que ao fazerem os CPs mais distantes a sul e a norte escusavam de fazer os intermédios. Dava também 1 Cp de bonificação às equipas que trocassem de elemento no retorno dos CP´s a sul. Fiz-me ao mar na companhia do António com muita convicção em melhorar a classificação, mas com pouca vocação para marinheiro de água salgada. As ondas eram enormes, a costa mal se avistava e o vento parecia aumentar de velocidade a cada “pagaiada”. Eu amaldiçoava com impropérios a canoa por não ter um encosto de costas decente, o que tornava a remada penosa, a meteorologia e a técnica que teimo em não aprender. Desta forma lá fomos progredindo no mar revolto até perto do 2º CP ( aprox. 7km a sul) a sul virando apenas uma vez ( digo apenas porque a grande maioria das equipas passou muito tempo a subir para a canoa), na qual o meu irmão diz que eu parecia um gato na água fria a tentar agarrar-se desesperadamente a um barco a 500mts da costa. Após esta peripécia, seguiu-se o aviso dos SAN de que a etapa teria sido anulada, as condições do mar não ofereciam segurança, "só agora?" repetimos em coro. De facto este aspecto deveria ter sido acautelado pela organização antes de algumas equipas entrarem na água, poupava-se algumas consequências que só não foram mais desastrosas ( apesar de resgates, ferimentos ligeiros e quase hipotermias) pela experiência da grande maioria deste pelotão de aventureiros. O vento estava agora ainda mais forte e as ondas, autênticas paredes de água que ameaçavam virar a nossa insubmersível casca de noz a todo o momento. Foi o que aconteceu na aproximação à praia e a cerca de 100 mts desta, fomos completamente engolidos por uma destas belas mas assustadoras expressões da natureza. Digo engolidos porque a última coisa que me lembro antes de mergulhar numa espécie de máquina de lavar, filme riscado, momento metafísico, sei lá, foi sentir a canoa a dobrar-se sobre mim com uma violência e rapidez incríveis como se uma boca de água nos fosse tragar. Quando emergi, depois dos tais momentos quase surreais nos quais me ocorreu debaixo de água ( sem basófia, digo com uma certa tranquilidade) a ideia de que este podia ser o último instante da minha existência, vi que estava já junto da praia e apesar de não ter pé não foi difícil alcançá-lo, mesmo levando incessantemente com as ondas em cima. Vi o meu irmão mais á frente a recolher os destroços do “naufrágio” e pensei, “porreiro safamo-nos desta, venha a próxima” . Pela ideia que tinha da nossa anterior posição tínhamos sido arrastados durante muitos metros. Eu, triatleta ironman, nadador de travessias de Tejo com corrente danadas que quase me levavam do padrão dos descobrimentos a Algés, canoista ocasional e afins marítimos, nunca me tinha visto em tal situação o que me levou a pensar e a simplificar esta ocasião: “ tens falta de treino meu”! Já em terra firme tento reconstruir o momento com o meu irmão que me diz que no momento da viragem lhe parecia estar a cair de um 2º andar comigo no RC/chão. Ele foi projectado (dai que tenha aparecido mais à frente) e eu levei com a parede de água e com o barco em cima. O resultado, foi um golpe fundo no queixo, dores no couro cabeludo e perder os meus óculos e o buff de estimação, mas o mais grave foi perdermos todos os hipotéticos Cps que podíamos ter conquistado, pois a anulação da prova não beneficiou os corajosos que se haviam feito ao mar, apenas os bonificaram com um tempo que não compensou o seu esforço e risco. Tínhamos portanto perdido a oportunidade de subirmos na classificação o que seria uma realidade se nos compensassem com os 4 Cps feitos, até à situação quase-trágico-marítima.

( continua)

sexta-feira, julho 11, 2008

RAID DAS INVASÕES FRANCESAS, 1º CAMP. NACIONAL DE CORRIDAS DE AVENTURA


É já amanhã que a Esmeralda Câmara o António Neves e o José Neves com a assistência de Ângela Cruz sobem ao palco no "Raid das Invasões Francesas", 1º Campeonato Nacional de Corridas de Aventura sobre a égide da Federação Portuguesa de Orientação, para dar um espectáculo que desejam ser memorável para as suas vidas e para a do Clube Aventura do Barreiro. Serão mais de 230km durante mais de 20hrs de esforço "non stop" em pedestre, BTT, cordas e canoagem na chamada "região do Oeste"cenário no passado de batalhas fratricidas . De forma bem mais pacifica ou seja desportiva, a equipa CAB/Terra Livre espera disputar concentrada, aguerrida e com o habitual "forte espírito de equipa" os títulos em disputa em mais um fantástico evento de aventura.

"Wish us luck"

Bom fim-de-semana.

Link da prova

À VOLTA DO SANTIS ( PARTE I)

Como o planeado saí de Konstanz para passar uns dias com um amigo nos arredores do cantão suiço de Sankt Gallen. Não tinha...