É bem provável que já não encontre ninguém por aqui, naquilo que há uns anos chamávamos de "blogoesfera". A blogosfera era uma espécie de "universo virtual" que reunia autores de blogues e leitores e que surgiu entre os saudáveis e "primordiais" fóruns, como "O Mundo da Corrida" e as redes sociais, nomeadamente o Facebook e que ainda hoje dominam o espaço das interações digitais e para onde, ao que parece, toda a gente se mudou. Não estou a ser anacrónico ( já me vou sentindo um bocadinho), mas apenas nostálgico: tenho saudades desses tempos em que tudo parecia ter a força de um oceano, de uma montanha ou de um dia de prova algures! Assumo que o mundo mudou, os meus interesses também e eu...envelheci, daí este sentimento. Voltar aqui ao Trilhos Míticos é como recuperar um "carro antigo". As paixões guardámo-las para sempre o que não quer dizer que durem "para sempre". Sobretudo, colecionamos memórias daquilo que nos encheu de emoção e vivências e essas são as que me fazem voltar aqui. Não vou voltar a escrever assiduamente de corrida, até porque, por enquanto raramente corro. Neste últimos anos e por diferentes motivos estive numa espécie de "ON-OFF" relativamente à pratica desportiva. Não a deixei, mas estou muito longe da intensidade que alimentou este espaço de experiências. Do Triatlo, às Corridas de Aventura, das Travessias de Natação aos Ultra Trails, fiz de tudo um pouco e disso escrevi. Escrever, tal como correr, pedalar ou nadar é terapêutico, é o meu "quadriatlo", no qual não sou bom a nenhuma disciplina mas alinho em todas, o que quero é mesmo "chegar ao ( a um) fim". Por isso cá estou, de volta.
Comprei uma Cannondale Scalpel em Dezembro, foi a minha prenda de Natal. Comecei a praticar BTT em 1991 ( no ano em que nasceu o meu primeiro filho que hoje tem 33 anos) com o meu primeiro e miserável "subsídio de férias" de funcionário público. Era uma espanhola Alpestar com roda 26 ( porque só havia rodas 26 no BTT), equipada em "Deore LX", quadro de Alumínio 7005 e sem suspensão. Com ela "lavrei" muitos trilhos na Arrábida e já abonado, equipei-a com uma suspensão Suntour de elastômetros ( estão a ver a dureza da coisa e o teso que eu era... e sou). Durou tanto que só a vendi por falta de espaço para aí em 2016, quando morava num apartamento minúsculo na Damaia. Entretanto, claro fui comprando outras que fui também vendendo, ora por falta de espaço ou por desapego. Mais recentemente em 2019 comprei a minha primeira roda 29, modesta, e o ano passado esta "menina" por 1/4 do preço que custou ao dono ( a desvalorização é assombrosa). É a minha primeira "quadro em carbono" de "suspensão total" ( sim nunca tive nada assim antes) e confesso que mesmo não indo "para o mato" como antes pareço um puto quando faço uns trilhos aqui por Monsanto ( ainda não me aventurei a mais, até porque tive muito tempo " a pastar"), a "coisa" cria-me comichão nas orelhas da adrenalina que provoca. As fotos publicadas neste post são de um passeio mais "horizontal" há uns dias pelos passadiços ( coisa da moda e ainda bem) que ligam o Parque das Nações a Vila Franca de Xira e que confesso são um deslumbramento ( que contraria a minha visão permanente de um país estagnado e sem ideias). Parei em Alhandra e voltei para trás mesmo a tempo de recordar um dos livros da minha vida, "Os Esteiros" do Soeiro Pereira Gomes e também a minha infância à beira do grande Tejo e das "morraceiras" e "esteiros" da foz do rio Coina e do Barreiro.
Até breve!