segunda-feira, maio 12, 2025

REGRESSA AO LUGAR AONDE FOSTE FELIZ

 


É bem provável que já não encontre ninguém por aqui, naquilo que há uns anos chamávamos de "blogoesfera". A blogosfera era uma espécie de "universo virtual" que reunia autores de blogues e leitores e que surgiu entre os saudáveis e "primordiais" fóruns, como "O Mundo da Corrida" e as redes sociais, nomeadamente o Facebook e que ainda hoje dominam o espaço das interações digitais e para onde, ao que parece, toda a gente se mudou. Não estou a ser anacrónico ( já me vou sentindo um bocadinho), mas apenas nostálgico: tenho saudades desses tempos em que tudo parecia ter a força de um oceano, de uma montanha ou de um dia de prova algures! Assumo que o mundo mudou, os meus interesses também e eu...envelheci, daí este sentimento. Voltar aqui ao Trilhos Míticos é como recuperar um "carro antigo". As paixões guardámo-las para sempre o que não quer dizer que durem "para sempre". Sobretudo, colecionamos memórias daquilo que nos encheu de emoção e vivências e essas são as que me fazem voltar aqui. Não vou voltar a escrever assiduamente de corrida, até porque, por enquanto raramente corro. Neste últimos anos e por diferentes motivos estive numa espécie de "ON-OFF" relativamente à pratica desportiva. Não a deixei, mas estou muito longe da intensidade que alimentou este espaço de experiências. Do Triatlo, às Corridas de Aventura, das Travessias de Natação aos Ultra Trails, fiz de tudo um pouco e disso escrevi. Escrever, tal como correr, pedalar ou nadar é terapêutico, é o meu "quadriatlo", no qual não sou bom a nenhuma disciplina mas alinho em todas, o que quero é mesmo "chegar ao ( a um) fim". Por isso cá estou, de volta.

Comprei uma Cannondale Scalpel em Dezembro, foi a minha prenda de Natal. Comecei a praticar BTT em 1991 ( no ano em que nasceu o meu primeiro filho que hoje tem 33 anos) com o meu primeiro e miserável "subsídio de férias" de funcionário público. Era uma espanhola Alpestar com roda 26 ( porque só havia rodas 26 no BTT), equipada em "Deore LX", quadro de Alumínio 7005 e sem suspensão. Com ela "lavrei" muitos trilhos na Arrábida e já abonado, equipei-a com uma suspensão Suntour de elastômetros ( estão a ver a dureza da coisa e o teso que eu era... e sou). Durou tanto que só a vendi por falta de espaço para aí em 2016, quando morava num apartamento minúsculo na Damaia. Entretanto, claro fui comprando outras que fui também vendendo, ora por falta de espaço ou por desapego. Mais recentemente em 2019 comprei a minha primeira roda 29, modesta, e o ano passado esta "menina" por 1/4 do preço que custou ao dono ( a desvalorização é assombrosa). É a minha primeira "quadro em carbono" de "suspensão total" ( sim nunca tive nada assim antes) e confesso que mesmo não indo "para o mato" como antes pareço um puto quando faço uns trilhos aqui por Monsanto ( ainda não me aventurei a mais, até porque tive muito tempo " a pastar"), a "coisa" cria-me comichão nas orelhas da adrenalina que provoca. As fotos publicadas neste post são de um passeio mais "horizontal" há uns dias pelos passadiços ( coisa da moda e ainda bem) que ligam o Parque das Nações a Vila Franca de Xira e que confesso são um deslumbramento ( que contraria a minha visão permanente de um país estagnado e sem ideias). Parei em Alhandra e voltei para trás mesmo a tempo de recordar um dos livros da minha vida, "Os Esteiros" do Soeiro Pereira Gomes e também a minha infância à beira do grande Tejo e das "morraceiras" e "esteiros" da foz do rio Coina e do Barreiro.

Até breve!






sexta-feira, outubro 26, 2018

À VOLTA DO SANTIS ( PARTE I)



Como o planeado saí de Konstanz para passar uns dias com um amigo nos arredores do cantão suiço de Sankt Gallen. Não tinha ainda nada parecido com um saco de viagem ( que vim a adquirir dias depois na loja da Louis Mottorrad em Bregenz Austria - cidade fronteira com a Suiça e Alemanha) e por isso improvisei a minha bagagem com a mochila e um saco estanque que uso para a canoagem. O dia estava bonito, mais fresco que os anteriores, mas rolar nas estradas suiças e cruzar aldeias e campos é como viajar num imenso jardim ( que cheira um bocadinho a vacaria em alguns sítios). Só tem um senão, os limites de velocidade e os radares na estrada são uma constante e ultrapassar os limites de velocidade em 10km/h por exemplo, dá direito a uma soma "simpática" de 200 francos de multa. Para isso é preciso ir com uma atenção redobrada, sobretudo quando se viaja numa máquina com mais de 100cv pois perde-se faciulmente a noção dos limites de velocidade. É que para eles não há choradinhos, nem contestações em tribunal, "paga-se e não se bufa".Tem a suas vantagens, a Suiça é bem capaz de ser o país com a menor sinistralidade do mundo e os suiços fazem questão de cumprir as regras da estrada com um zelo que aborrece de morte um alemão, quanto mais um latino.
Apesar da boa sinalização, faltou-me o GPS e como já era de noite, andei um bocado às cascas entre as Will, Uzwill e as Fauwill. Quando cheguei o meu amigo estava preocupado. Apesar de saber que eu tenho alguma experiência de viajante, conduzir uma mota de noite e como frio não é lá muito aconselhado ( estava gelado). Os stresses resolveram-se à mesa com um tinto português e o matar das saudades pondo os assuntos em dia.
No dia seguinte fizemos umas incursões na zona para compras e ver as vistas. Tínhamos planeado ir até Lindau, cidade alemã à beira do Bodensee aonde nunca fora, cruzando a fronteira austríaca e voltando a entrar na alemã, pelo local onde o Reno desagua no lago, mas uma chuva diluviana impediu-nos e a hora já ia adiantada de maneira que voltamos a casa. Pelo caminho paramos numa quinta aonde compramos cerejas deixando o dinheiro numa caixa, fazendo nós o troco sem para isso o dono estivesse por perto, pratica corrente em muitas quintas da região. Uma honestidade e confiança que deixa qualquer um maravilhado.
No terceiro dia o tempo melhorou, o meu amigo foi trabalhar e eu peguei na mota e decidi regressar ao cantão de Apenzeller para rever o Santis, uma montanha pré-alpina que domina a região e aonde tinha estado em 2016 a caminhar sem atingir o cume. Viagem que recordo com um enorme prazer, sobretudo por estas divagações pré alpinas e mergulhos em lagos cristalinos, tudo imerso numa paz que ao principio até aparecia assustadora vindo eu de uma sociedade e momentos da minha vida particular tão agitados... (continua)

sábado, agosto 18, 2018

FLORESTA NEGRA E AS RHEIN FALLS ( PARTE II)

A Fábrica da Rothaus em plena Floresta Negra 


A Amazona da ZR7 junto ao Schu
O turista acidental

Rheinfalls
Pôr do sol no Reno


(CONTINUAÇÃO)

De Geisingen seguimos em direcção a Hüfingen pela nacional 31 e daí até Löffingen, onde começamos a nossa odisseia pela Floresta Negra, cruzando aldeias tipicamente alemãs e bonitas estradas sinuosas de sobe e desce constante, na sombra dos predominantes abetos de copa alta. Foi o primeiro teste a sério e não correu nada mal. Alguns sustos pelo meio é certo, sobretudo em autênticos cotovelos que obrigavam a reduções rápidas e a melhorar o meu comportamento de entrada e saída em curva ( o maior desafio técnico do motociclista), autocarros e carros que surgiam inesperadamente nas estradas estreitas ( mas com um comportamento dos condutores sem mácula) e de ter como líder uma autêntica amazona com quase quinze anos de experiência em duas rodas, muitas viagens pelo meio, a mais longa delas da Alemanha a Portugal e volta. É preciso muito nervo, ou seja concentração no máximo, uma ligação umbilical à máquina e um dose qb de loucura ( para o saboroso "boost" de adrenalina) o resto, fé no self!
A primeira paragem foi na fábrica de cerveja da Rothaus em pleno coração da Floresta Negra, onde nos deliciamos com comida tipicamente alemã ( uma cozinha que vai resistindo à globalização das Pizzas e pastas, Kebabs e noodles) e uma excelente cerveja em doses generosas servida por meninas vestidas à Bávara, o que significa umas mamocas a entrar pelos "olhos dentro" com o propositado efeito de provocar mais sede  nos convivas e aumentar o consumo de cerveja... estes alemães pensam em tudo, não admira que apanhem umas pielas valentes!
A digestão da lauta refeição foi feita com uma paragem na margem do Lago Schluchsee, um dos muitos da região que apesar da dimensão inferior ao Bodensee possui igual beleza. Depois foi sempre a "descer", pelo mesmo cenário natural e lugarejos, deixando a Alemanha na direcção do Catão suiço de Schaffhausen onde se situam as famosas "Rhein falls". Ali o Reno dá um "salto" de 23 metros entre enormes blocos de rocha, o efeito é electrizante, uma torrente bruta de água que revela a força da natureza, a liberdade dos elementos. Fabuloso!
O local é turístico, como o são muitos locais da Suiça, onde o custo de uma garrafa de água nos cria a ideia que estamos a beber um D. Perignon de mil nove e troca o passo ( como se alguma me tivesse passado pelo estreito pomada desta qualidade), mas está limpo, organizado e têm locais para fazer churrascos e piqueniques. No dia em que fomos o espaço estava cheio de turistas Indianos de classe média ( sim só estes podem sair da Índia e vir até à Suiça gastar uns cobres). Ainda pensei que a quantidade corresponderia a algum mito religioso Hindu, uma espécie: " foi neste local que rebentaram as águas a Shiva e assim nasceu o mundo"( não me perguntem nada, porque não percebo nada de teologia hindu, estou apenas a inventar). Mas além de olharem a paisagem com enternecimento ( com uma "soundtrack" de sinhinhos, ai, ai, ais e uma flauta de pan...), olhavam com insistente interesse para a catraia que estava comigo ( olhar que de enternecido não tinha nada). Não quero fazer generalizações acerca dos indianos, sobretudo das suas relações sociais de género, muito menos reduzir-los a Sharis coloridos com pintas na testa e bigodes lustrosos cor de azeviche à Sandokan, mas julgo que um espécime feminino vestido de cabedal não abunda do Punjab a Querala. Talvez os entenda...
O dia acabou com mais contenção nas acelerações fruto da selva de radares limitadores de velocidade que os Suiços plantaram um por todo o lado e direito a pôr do sol e mergulho numa praia fluvial já virada para a cidade de Constance, ou seja, no Reno suiço a olhar a margem alemã. Dá gozo pensar no significado subjectivo das fronteiras quando as cruzamos, sobretudo aqui onde se esbatem elementos étnicos e culturais.
Foi portanto um belo dia de muitos que estariam para vir!

quarta-feira, agosto 15, 2018

FLORESTA NEGRA E AS RHEIN FALLS (I PARTE)


Zurique

Lago Constance

O mapa da Floresta Negra


As meninas ( aqui no Pass de S. Bernardino uns dias depois)

Depois de uma tarde bem passada a passear pelas ruas da cidade de Zurique e de um mergulho tardio já em Constance na "obra prima" do Reno, o lago Bodensee, o dia seguinte foi o planeado para irmos buscar a minha Kawasaki ZRX a Geisingen para umas voltas de adaptação antes de rumarmos ao norte de Itália para uns dias de "dolce far niente" e umas curvas entre o Maggiore e os contrafortes da grande muralha alpina que ali separa a "nórdica" Suiça da "mediterrânica" (bella) Itália. 
Rumamos não pela fresca, mas num dia de "verão alemão" que este ano tem sido longo, acima dos 30º e uma humidade elevada, o que torna o casaco, calças e capacete de mota uma verdadeira sauna. Diz-se por ali, que isso faz parte da "cena motard", se cheirares a suor é sinal que estás equipado em condições, ninguém anda de calções e chinelos numa CBR como se vê por aqui a caminho das praias da Caparica, os alemães levam muito a sério a segurança, mesmo que esgotem o punho nas suas potentes máquinas ( e elas não faltam por lá).
Arrancamos para a oficina do Andi na ZR7 da Maria comigo aos comandos da maquina porque a dona desta diz que eu sou demasiado pesado para que possa fazer as curvas sem medo de ir ao tapete.  Talvez seja verdade, mas esta rapariga de origem grega, nascida na Alemanha também não é propriamente um "passarinho" e ainda me faz recordar uma noite de Maio de regresso a casa por muitos quilómetros em estradas que não conhecia, umas luzes fraquinhas, com os máximos a apontar para o céu, que se aparecesse um veado pela frente só o veria quando estivesse a sentir o seu bafo, isto já para não falar de intersecções e rotundas sem fim. Estive à beira de um ataque cardíaco, mas chegamos inteiros a casa e a passageira nem pestanejou, só dizia "gás" e "sehr gut", uma rapariga de combate!
A ZR7 é um modelo que introduz a gama dos modelos Kawasaki "naked" e os seus fantásticos motores de quatro cilindros e foi apenas fabricada entre 1999 e 2005, o que a torna uma senhora cota mas com muito estilo. A minha ZRX 1100 anda pela mesma "profética" idade e sucedeu a famosa Zephir 1100 antecedendo a ZRX1200, do segmento das chamadas "muscle bikes" (acima dos 1000cc), obras de arte dos  brilhantes engenheiros mecânicos nipónicos. Esta última nasceu em 2001 no Japão, emigrou para a Alemanha e agora está perdidamente apaixonada por um português. Andi o mecânico que têm cuidado dela (um Kawasaki lover com três modelos na garagem uma delas uma Ninja ZX9R), tratou de rebaixar a frente para, segundo disse, eu pudesse ter uma condução mais "desportiva". Confesso que fiquei um bocado assustado de inicio, passar do meu sofá Suzuki Strom DL650 para esta "naked" peso pesado, seria um desafio para a minha pouca experiência mas este foi aceite sem espinhas. Já a tinha conduzido em Maio e não me tinha dado nada mal, pelo que o primeiro teste a sério seria agora com uns quilómetros pelas estradas sinuosas mas impecavelmente conservadas da enorme mancha verde que é a Floresta Negra na região Oeste da Alemanha, estado de  Baden Württemberg.

Continua...

segunda-feira, julho 04, 2016

TRAVESSIA DA BAÍA DE SINES

Depois de mais de quatro meses no estaleiro por causa de uma hérnia foraminal e com a consciência que nada voltará a ser como antes, voltei a uma prova desportiva. A Travessia da Baía de Sines foi a escolhida num dia de sol alentejano e na boa companhia do Tigre e do Jorge. Foram 1000mts para 28m ( a distância é sem dúvida maior do que a organização anunciou), feitos numa água demasiado fria, esforço depressa compensado com simpatia, chá quente e uma bela sardinhada oferecida pelo Clube de Natação do Litoral Alentejano. Que saudades que eu tinha de ir por ai fazer estas coisas... Seguem-se os 2500mts da Bessone em Oeiras para o fim do mês. Siga! Com Luis Miguel e Jorge Pereira

quarta-feira, maio 04, 2016

FATALISMOS E FENIXISMOS




Os últimos meses não sei bem quantas linhas:

Da irregularidade dos treinos já me ia habituando. Do sofrimento neuromuscular quando fazia treinos de corrida, sobretudo em trilhos, já tinha tomado consciência há muito. Do sempre "peso elevado" já estava conformado ( gosto de comer e não tenho idade para "privações"). Além disso, os meus 1,82cm de "constituição forte" nunca farão de mim um tipo propriamente "elegante". Dos treinos de bicicleta, há muito que perdi a tertúlia da "margem sul" e a vontade de arranjar outras por Lisboa. Posso dizer que gosto de pedalar, mas a motivação para arrancar sozinho para o mato ou para a estrada ou até para a cidade ( aquelas voltas circulares em ciclovia a Lisboa), estava nos últimos tempos próxima de 0. Com isto e face à ameaça de "não fazer ponta de corno" depois dos exigentes e longos turnos do trabalho, há seis meses virei as agulhas para um "ginásio", onde confesso, contra os preconceitos que tinha destes espaços, até me dou por lá muito bem. Primeiro maravilhei-me com as aulas de Pilates e de Bodybalance, por fim não perdia um RPM ao som da música tecno, depois fazia umas máquinas de musculação,  dava umas braçadas na piscina e para finalizar um jacuzzi ou um banho turco, estava mesmo numa nova fase da minha vida desportiva e estava a gostar! Mas a vida de um homem como eu, apelidado de "fatalista" desde tenra idade ( tenho uma lista de "fatalidades" que me perseguem desde que me lembro), esforçado em contrariar o "desígnio" e a consequente mistificação da realidade, é cheia de inesperados. Costumo parafrasear várias vezes o ditado: " não acredito em bruxas, mas que elas existe, lá isso é verdade" Primeiro comecei em Janeiro com uma dor na virilha que se alastrava pelo quadricipe a baixo. O diagnóstico mal feito ( até pelo ecografista), estava já a atira-me para a mesa de operações com uma hérnia inguinal, quando sofri a crise que me mantêm em casa de baixa vai para três meses. Um dia normal ( de stress claro está), idas aqui e ali e um treino intenso no ginásio, que me recordo ter corrido muito bem, daqueles dias em que estava com força e muita vontade para treinar. No final do dia dor intensa no quadricipe e costas, o primeiro a contrair-se involuntariamente, parecendo que tinha bichos sobre a pele que o percorriam e uma dor, uma dor simplesmente enlouquecedora! Vou a uma urgência hospitalar, cada vez pior, mal podia andar e manter-me em pé ( caminhava dobrado e agarrado à perna). Raio X, analgésicos intravenosos e saio de lá praticamente na mesma. Dois dias depois, nova urgência, novos medicamentes e dores, dores, horríveis, como nunca tinha tido e eu que até tenho uma boa colecção delas. Segunda, nova urgência, já a tomar um opiáceo. Tentativa para fazer uma ressonância que não consigo fazer, paesar de estaruUm dia inteiro em SO a tomar todo o tipo de porcarias ( das quais paguei um dinheirão num hospital particular). Três dias depois, novo Hospital, desta vez das forças armadas, onde consigo fazer uma TAC e sou encaminhado para o neurocirurgião na semana seguinte. Os opiáceos atenuavam a dor, os relaxantes musculares permitiam-me dormir melhor, mas a dor mantinha-se insuportável. A primeira consulta com o referido cirurgião foi surreal. Não me queria receber porque os funcionários tinham marcado mal a consulta. Quase implorei, dizendo-lhe " não está a ver o sofrimento em que estou?". Ai senti que a minha "fatalidade" é em grande parte a de viver num país onde a empatia é um "bicho estranho", salvo saudáveis, mas raras, excepções. Acedeu contrariado. Na análise, hérnia foraminal, coisa rara 5% a 10% dos pacientes, mais mulheres que homens ( isto de ter coisas de gaja deixa-nos sempre cheios de medo:-). Sentença: cirurgia! 
Não fosse o anestesista, estar de férias e a lista de pacientes ser grande, a esta hora já tinha uma facada nas costas. Em vez disso, procurei recompor-me, fugir à operação e aos 5 comprimidos que tomava todos os dias. Fui a um osteopata e fiz acupunctura. Não sei ainda quais os resultados evidentes disto, porque piorei nos dois dias seguintes, embora que tenha sentido mais "desbloqueado". Assim que pude comecei a fazer pequenas caminhadas na praia e depois aqui ao pé de casa e  mesmo com dores no durante e no depois lá continuei. Fui informando o referido clínico que estes esforços estariam a resultar, já caminhava mais direito, menos dorido, menos coxo e mais animado. Deu-me por isso mais tempo. Até agora, onde finalmente já lhe posso dizer para adiarmos essa operação por tempo indefinido. Sei que não me escapo de um destes dias estar numa sala de operações, ambiente que abomino. Mas as duas hérnias que tenho e uma artrose num disco e uma antro retro listese não me dão muita margem de manobra. Tenho uma lombar de velho e uma cervical de jovem disse-me o médico! Entretanto voltei ao ginásio com exercícios de reforço abdominal e lombar, bicicleta e natação. Correr está quieto, a minha perna esquerda perdeu 80% da força e os reflexos. Quando me batem com um martelo no joelho e a perna não responde nem um milimentro. Provavelmente ficarei com estas sequelas e outras para sempre, nomeadamente alguma atrofia muscular ( que melhorei nos últimos tempos), mas estou na luta!
Agora imagino caminhadas, aqui e ali, um pouco por todo o lado, PR's, GR's, por esse país fora e montanhas: Pirinéus e regressos aos Picos da Europa e Alpes. Lá vou idealizando também uma tiradas de longo curso em bicicleta "turística", talvez Caminhos de Santiago um dia. Não faz mal um tipo sonhar um bocadinho pois não?! Afinal sou um miúdo próximo da casa dos 50, ainda há muito para curtir. Trails, corridas de aventura, Triatlos e afins, estão fora de questão, talvez só mesmo as habituais travessias de natação em águas abertas, mas devagarinho ( também já assim eram).
Resumindo e baralhando, esta é a minha "história" dos últimos meses, de outras histórias, nem vale a pena contar-vos, senão diriam comigo em coro: " não acreditamos em bruxas, mas que elas existem, lá isso é verdade"!

REGRESSA AO LUGAR AONDE FOSTE FELIZ

  É bem provável que já não encontre ninguém por aqui, naquilo que há uns anos chamávamos de "blogoesfera". A blogosfera era uma e...