Descobri este texto nas "memórias do facebook", acho que não o postei aqui. Os tempos agora são muito diferentes. Tenho uma hérnia discal, estou de baixa há mais de um mês e não treino vai para muito tempo. A operação cirúrgica está eminente e estas actividades, de maior impacto como o Trail, farão inevitavelmente parte do passado. Recordemo-lo...
"Nada
de fotografias por favor", o gesto e a expressão pouco amigáveis,
parecem o de uma vedeta surpreendida por um paparazzi indiscreto. Não
foi nada disso, em legenda, caso não tenham reparado está escrito: "
qualquer semelhança com a realidade é pura ficção". A outra "realidade" é
que no momento desta fotografia estava certamente no primeiro terço do
pelotão usando a minha habitual estratégia de "trás para a frente, a
mesma "ficção" foi achar que podia durante 44km manter-me
assim. Trocando isto por "miúdos": a partir dos 30km "dei o berro",
"finito", "kaput", acabou-se o "combustível", "morri"! Renasci, mas
ainda com os pés "prá cova" lá para os trinta e tal quilómetros, não com
os dois "gel energéticos" que engoli ao longo do percurso, mas só
depois de encontrar uma fonte no meio da floresta para me refrescar e
meditar acerca, não do "sentido da vida", mas do significado de estar
ali depois de 16 horas de trabalho ininterrupto com duas horas de sono
mal dormidas e pensar que me faltavam mais 16 horas de trabalho e uma
noite em branco depois de acabar aquele empeno. Conclui: só podia ser um
tolo e nem precisava de "papa e bolo" para estar naquele rebanho.
Depois da minha longa paragem, esta foi a quarta ultramaratona no espaço
de 6 meses, nada mau para quem parou durante tanto tempo. Mas o
sofrimento ainda é demasiado para ser convertido em "prazer" ( isto
parece uma frase de um masoquista refinado smile emoticon,
mas quem gosta de longas distâncias sabe do que estou a falar.
Seguem-se os 100km de Portalegre em Maio, seduzido pelo desafio e pela
beleza da Serra de São Mamede ( conversa de masoquista refinadíssimo).
Acerca dos "Trilhos de Almourol", apesar da boa organização não fiquei
"cliente" da prova. Ah, já me lembro do que disse ao fotografo: " quando
quiser que o seu filho coma a sopa, mostre-lhe uma fotografia minha a
fazer uma prova de trail".
4 comentários:
Um bela recordação! Mas tenho a certeza que virão novos tempos com outros belos desafios adaptados à realidade actual!
Rápidas melhoras.
Um abraço.
Obrigado Jorge.
Sim, novos tempos virão. Necessariamente não farão a ruptura com este passado, antes o contrário. O rio da vida segue o seu curso, flui. Abraço
Bom texto, só é pena, já ser velho, gostava muito mais que tivesse sido na semana passada.
Então isso não tem outra solução sem ser ir à faca?
Melhoras rápidas, sempre com esperança, beijinho
Olá Eugénia, Estou a tentar, estou a tentar ( não ir à faca). Os Trails vão ser para esquecer, caminhadas sim, entre outras coisas de menor impacto. Obrigado, beijinho, abraço ao Iosif
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