terça-feira, abril 29, 2008

SERRA DA FREITA - UMA GLÓRIA MAIS "AGRESTE" I parte



Um mês após a Glória de Odemira a próxima etapa era a Serra da Freita. Percebeu-se pela consulta às informações disponibilizadas pela organização que esta iria ser uma prova muito próxima à de Chaves- Montealegre, ou seja,com muito desnível.

A equipa não se preparou para este desafio com um treino específico para a altímetria anunciada pois o tempo entre uma e outra jornada de aventura era curto. Tinhamos por isso de recuperar da anterior e estar em forma para a seguinte. Recorremos como sempre ao nosso espaço de eleição, a Serra da Arrábida. Aí fizemos uns quantos trails, BTT e orientação que julgámos ser os treinos mais do que necessários, eu diria antes, os possíveis.
Não foi sem algum nervosismo que começamos a 1ª etapa de BTT na Freita. O estatuto de vencedores na prova anterior dava-nos uma responsabilidade acrescida. Sabíamos também que tínhamos fortes concorrentes. Uma destas equipas havia-se constituído para esta prova com elementos muito experientes em orientação e corridas de aventura. Seria portanto aquela que nos parecia estar em condições de disputar o lugar cimeiro do pódio connosco. Contudo, para aqueles mais habituados a estas andanças, sabem que aquilo que estou a dizer pode ser uma grosseira afirmação. Nas corridas de aventura não há favoritos à partida, grandes equipas vão do "céu" ao "inferno" em poucas horas. O que há de fantástico nesta modalidade ( se pudermos chamar assim) é que as variáveis e as imprevisibilidades são tantas que necessariamente impõem alguma modéstia aos que são reconhecidamente mais "competentes" para este tipo de aventuras.
Dizia eu que nos primeiros instantes da 1ª etapa de BTT parecia termos entrado com o pé esquerdo na prova. No meio de muitos atletas que iniciavam os 13km de subida contínua, acabamos por nos "desligar". Até nos juntarmos outra vez levou cerca de 20m. A densa mata e a trama de trilhos tardava o reencontro e nem os gritos e assobios pareciam resultar. O desespero finalmente deu lugar ao alivio e o "bora lá recuperar" foi o "soar do clarim" para atacar a Serra, sem recriminações, culpas, ou outros "engulhos" capazes de arrasar a moral da tropa, perdão da equipa.
Up, up, up até ao Parque do Merujal, os cerca de 25km de BTT com 1400mts de desnível acumulado, muita pedra mas fabulosas vistas de montanha estavam vencidos, seguia-se uma O-pedestre de 19km circular a passar por um dos mais belos locais da Freira, a frecha da Mizarela, uma queda de água de 70 mts, um postal que ilustra a beleza agreste e única do espaço.
Trilhos de montanha lindíssimos, descida ao vale do Caima, subida dolorosa entre uma vegetação cerrada que libertava perfumes através chuva que já caía copiosamente, muitos cps´s acumulados e um final de etapa a "queimar", foram as imagens que marcaram esta etapa.

segunda-feira, abril 28, 2008

MAIS "SENTIMENTO"




Há algum tempo uma visitante habitual deste blog e de mútua estima dizia-me qualquer como o facto deste espaço não ter o "sentimento" de outros projectos anteriores como o "deletado" "ohomemdamaratona", "está demasiado profissional", dizia. Fiquem sem resposta, ou melhor, de resposta ambígua do tipo, "concordo mas discordo". Eu justifico: concordo porque o "homem da maratona" ( blog que chegou às 8000 visitas), exprimia mais directamente as muitas faces da minha vida quotidiana, apesar da sua vocação "desportiva"; discordo, porque aqui o trilhos apesar de não ter a actualização do anterior, trás coisas novas, como o trail e o desporto aventura e está sempre em mutação ( "roda" ao gosto do autor pelas experiências que vai tendo). Mas para compensar a eventual falta de "sentimento", prometo duas coisas: a primeira postar mais neste espaço a segunda "ressuscitar" o meu outro blog ( que morreu como CAUSA ADVERSA e nasceu como AS VERDADES DA MENTIRA http://asverdadesdamentira.blogspot.com/), esse sim, mais "sentimental"... assim espero!
Quanto ao "trilhos", brevemente a crónica da vitória na Freita ( TPCA 4º etapa e 2ª vitória concessutiva) e o relato dos treinos para o campeonato nacional de corridas de aventura, o objectivo principal da época desportiva. Ah... e prometo também mais "sentimento".
Obrigado pelas visitas. Apesar dos poucos comentários ( se eu fosse uma "gaiata" disponível tinha muitos eu sei... marotos ;-), o "counter" ai em baixo já vai nas 4500 "estreitadelas".
Abraços e beijinhos.

sexta-feira, abril 18, 2008

CAB/TERRA LIVRE- REINOU NA MONTANHA



Corridas de Aventura

“CAB/TERRA LIVRE” REINOU NA MONTANHA

A equipa barreirense, vence pela segunda vez consecutiva na Taça de Portugal de Corridas de Aventura. O «1º Freita Outdoor Challenge”, realizado nos dias 12 e 13 de Abril na serra da Freita, foi a oportunidade para a equipa de Elite Mista do Clube Aventura do Barreiro demostrar o seu grande momento de forma.
O Mosteiro de Arouca assistiu ao tiro de partida para as trinta e uma equipas em competição. Pela frente tinham uma prova com 8700 metros de desnível acumulado e a abrir uma etapa com 25 km de BTT, em direcção ao planalto da serra da Freita. A equipa “CAB/Terra Livre” termina esta 1ª etapa na frente da classificação com uma vantagem tangencial sobre os adversários directos. A etapa seguinte, dominada pelo terreno pedregoso e pela Frecha da Mizarela, não impediu a equipa de impor um forte ritmo de corrida nos 19 km do percurso de “trail” (que incluiu um Rappel), destacando-se na frente da prova: «Apesar da vantagem não “levantámos o pé” e fomos sempre dilatando o avanço na frente da corrida», comentou o capitão da equipa. Quinze horas “no stop” e cinco etapas de orientação em BTT e pedestre, foi a “dose” do dia, que terminou pelas 23:30 horas em Janarde, junto ao rio Paiva. Para trás ficaram trilhos de grande beleza natural e aldeias remotas: Cabreiros, Candal, Covelo do Paivô, Regoufe, Drave, Pena, Covas do Monte, Covas do Rio...
A prova recomeçou às 8:00 de domingo em Vilar de Servos, perto de Alvarenga. Devido ao elevado caudal do rio Paiva, a etapa de canoagem de águas bravas foi substituída pela alternativa pedestre e, até à chegada a Arouca, o “CAB/Terra Livre” ainda aumentou a diferença pontual sobre os adversários, terminando em primeiro com 100 pontos em 21 horas 24 minutos e 21 segundos. Na segunda posição classificou-se a equipa “Greenland Adventure” com 87 pontos e em terceiro a “Estoril XPD Team” com 80.
Com esta classificação a equipa do Barreiro cimentou o 2º lugar no ranking da Taça de Portugal de Corridas de Aventura no escalão Elite Mista, estando em primeiro a equipa “A2z Hglöfs 1” e em terceiro a “ATV Mista”.
Em representação do Clube Aventura do Barreiro marcou também presença na serra da Freita a equipa “CAB/Raid Transpeninsular”, que terminou na 14ª posição no escalão Aventura, unida por forte espírito de companheirismo.
A próxima prova está marcada para Julho em Torres Vedras onde também se disputa o título de Campeão Nacional.

quarta-feira, abril 09, 2008

SERRA DA FREITA AÍ VOU EU!






Após o momento de Glória em Odemira, segue-se mais uma etapa da TPCA, desta vez na Serra da Freita. Para quem não conhece, este é um espaço natural de características únicas, onde predominam vales abrubtos, rios servagens, quedas de água e aldeias perdidas no tempo conservadas pela inacessibilidade do espaço e pelas tradições locais. Quem conhece, palavras para quê, é uma das mais belas paisagens portuguesas!

Depois de Odemira, segui-se um microciclo de treino, pois estava a pouco mais de 3 semanas de mais uma exigente etapa de aventura. Desta forma, a 1ª semana após Odemira correspondeu a um período de treino muito ligeiro de recuperação, a 2ª semana com os totais de 230km de bicicleta, 80km de corrida e 2 sessões de natação ( estas servem para recuperar), foi a semana mais intensa a 3ªsemana correspondeu a 180km BTT, 40 de corrida e 1 sessão de natação e esta semana apenas 1 sessão de corrida e outra de natação até hoje o que quer dizer que é a semana do "descanso".

Após leitura do raidbook da prova e informações metereologicas, esperam-se etapas com muito desnível em percurso de montanha e chuva com algum frio, ou seja, condimentos ideais para uma aventura nos limites. Eu com o CAB Terra Livre estaremos lá para ir além deles!

segunda-feira, abril 07, 2008

CRÓNICA DE UMA VITÓRIA OU ESTE DESPORTO NÃO É PARA NOVOS




Depois de mais esta prova da TPCA e inspirada na frase da minha camarada de aventuras e equipa a Esmeralda “ já viste Zé “nós” os cotas vamos ganhar isto”( claro que se referia a mim e ao António) cheguei a uma conclusão acerca das CA,s: ESTE DESPORTO NÃO É PARA NOVOS (para os irmãos Cohen, “O País não é para velhos”)! “Nós”, somos portanto o Clube Aventura do Barreiro vencedores na elite mista da última etapa da Taça de Portugal de Corridas de Aventura realizada em Odemira. “Nós” somos os apaixonados pela aventura que apoiados por uma grande equipa onde reina um forte espírito de camaradagem, dão o máximo para superar os inúmeros desafios que cada prova encerra. “Nós” somos aqueles que com a complacência dos nossos familiares saímos de casa para treinar às 6hrs da manhã, voltamos tarde e enlameados para o almoço e passamos fins-de-semana fora a deixar saudades em casa. “Nós” somos os que fazem milhares de quilómetros por ano para ir a “mais uma prova”, carregados com caixas de equipamentos e abastecimentos, os que não dormem, ou fazem-no algumas horas por noite num saco de cama num pavilhão apinhado de aventureiros que ressonam e/ou suspiram de ansiedade pelo que se vai passar no dia seguinte, os que cozinham ( quando temos tempo para isso) uma frugal “massa com cogumelos” em fogão de “camping”, comendo-a de cócoras ou sentados no chão a rir do “filme do dia”. “Nós” somos os tremem de frio, pois acabamos de sair de uma etapa de canoagem com -5º, ou porque a chuva nos ensopa a roupa e a alma” numa pedestre de 40km e ainda os que adormecem em cima da bicicleta porque já estamos em prova há 15hrs. "Nós" somos aqueles que se“atrelam” com as mãos, cordas, buffs e tudo o que há para "puxar" quando o rosto mas não a boca diz “ajuda-me que temos de acabar isto!”. “Nós” somos o Zé, a Esmeralda, o António, oNélson, a Carla, a Ângela, o Júlio, o Rui, a Sónia, a Joana, o Pedro, e perdoem-me os que ficaram esquecidos, somos o CAB, pronto!
O "Troféu Clube Brisa", decorreu na zona do “sudoeste alentejano”, num terreno com inúmeras e belas variáveis para a aventura. A prova foi bem delineada, a meu ver apelando mais à capacidade estratégica das equipas do à sua capacidade física ( se bem que a gestão física faça também parte da estratégia). Tomamos isso em conta apesar de termos abordado a 1º etapa com algum nervosismo. De facto o O.BTT não estava a correr muito bem e por isso decidimos não arriscar muito e partir para a 2º etapa de canoagem+ pedestre que se revelaria decisiva para a maioria das equipas em prova. Aqui, a Esmeralda e o António fizeram o 1º troço de canoagem até à localidade de Casa Branca, enquanto eu fazia a pedestre com 2 cps que felizmente me correram muito bem, apesar de no 13º cp me ter metido numa linha de água que era uma autêntica floresta de silvas, safou-me o facto de irmos “à molhada” e de um ter descoberto um caminho alternativo a meia encosta, senão corríamos o risco de sair dali em carne viva. A parte final desta etapa, decorria nas margens de lodo do mira, onde os meus sapatos passaram a pesar mais uns quilos, mas “ no way”, era mesmo por ali que tínhamos de ir. A troca com a Esmeralda na canoagem (manteve-se o António), foi pacífica (apesar de nos termos esquecido de um colete o que nos obrigou a fazer mais 1km). Fazia ela agora a pedestre e nós a parte mais difícil da canoagem, pois o mira sofre muito os efeitos de maré e estava a começar a vazar, o que significava que teríamos a um dado momento de remar contra a corrente. Foi o que fizemos, a partir sensivelmente do meio da etapa, esforço duro que nos valeu chegarmos antes do limite do tempo da etapa, apesar de termos perdido o cp de chegada. A mesma sorte não tiveram algumas equipas directamente nossas adversárias que perderam todos os cps amealhados ( canoagem+pedestre) e não puderam partir para a etapa seguinte.
No score 100 que se seguiu acalmamos ( até aí estávamos a meu ver um pouco “no ar”) e partimos para uma bonita etapa de BTT com “direito” a lindos “postais” alentejanos. Um dos quais, ver dezenas de leitões a correr em campo aberto, o que nos fez libertar uma boa (e necessária) gargalhada. Seguiu-se uma canoagem com natação na barragem de Santa Clara com a Esmeralda a fazer os 400mts de natação com rappel no paredão da barragem e eu e o António a fazer a canoagem ( estava a ver que nunca mais largava a pagaia). Finda esta, seria a vez de uma pedestre.
Até aí estávamos comedidos, ou seja a fazer uma gestão económica da prova. Chegávamos sempre dentro dos tempos limite de etapa sem pressas e com tempo de meter algum “combustível” (tudo o que fosse hidrato, se bem que os salgados já sabiam divinalmente). Sabíamos que em relação às outras equipas tínhamos uma ligeira margem (pois as nossas mais directas adversárias tinham rebentado na canoagem realizada no Mira), no entanto nada estava ganho. Para isso, arriscámos na pedestre nocturna ( que bela noite!). Digo “arriscámos”, mas para mim foi mais que isso. As minhas desculpas ao António, pois cheguei duvidar e a temer que rebentássemos ( “fantasma” das provas anteriores) quando vi que estávamos no limite ( do tempo e das forças). Felizmente o nosso capitão é o “ o mais sábio navegador de toda a região que vai de Trás- os- Montes até ao Cabo de Sagres” e encontramos a tempo o final da etapa e com um “tesouro” cps que serviriam para gerir confortavelmente a vantagem que tínhamos das outras equipas. Gestão que fizemos na etapa seguinte, onde pouco faltou para a Esmeralda adormecer em cima da bina e eu tornar-me perito em mímica, pois parece que tinha esquecido que afinal tenho voz. No pavilhão de Odemira, onde passámos a noite tivemos conhecimento do que já suspeitávamos: que estávamos em 1º lugar. Teríamos apenas de gerir a vantagem no dia seguinte e foi o que fizemos.
O dia amanheceu radioso ( parece o inicio de um romance, mas é o relato do final de uma aventura feliz) neste Alentejo que já se coloria de tons primaveris ( aqui chega mais cedo que nos resto do país). A etapa de BTT foi portanto feita com luz, cheiros e cores e “com tranquilidade” que até nos deu direito a um café e pastel de nata ( só para mim que sou apelidado do guloso cá do grupo). Os últimos cps foram picados junto à orla costeira e nas praias tal como os da pedestre final. Esta, a final, começava na Zabujeira e tinha um percurso quase na totalidade junto à costa até Odexeixe. Um percurso extremamente belo que me deixou muito feliz. Emoção que reconheço ampliada pela sensação de vitória numa tão dura modalidade desportiva e também pela satisfação por pertencer a uma equipa de “vencedores” nos quais me reconheço.
Somos uma equipa fantástica com uma média aproximada de 40 anos e uma “pica” do “caraças” o que me leva a repetir ESTE DESPORTO NÃO É PARA NOVOS.

PS- Depois de 2hrs a escrever isto, tenho de fazer alguma coisa. Erros, ou incongruências, digam-me que eu corrijo mais tarde. À parte disso, espero que gostem do relato ( apesar de um pouco tardio).

À VOLTA DO SANTIS ( PARTE I)

Como o planeado saí de Konstanz para passar uns dias com um amigo nos arredores do cantão suiço de Sankt Gallen. Não tinha...