sexta-feira, fevereiro 06, 2015

TRILHOS DOS ABUTRES 2015 (PARTE I)


Ir a Miranda do Corvo em Janeiro tem tanto significado para mim, como para a maioria dos crentes que vão a Fátima em Maio. Os "Trilhos do Abutres" são a minha peregrinação anual preferida, primeiro porque a Lousã é um santuário imperdível para quem goste de natureza serrana, segundo porque a organização sabe receber os "devotos" ao Trail e terceiro porque durante 50km redimo todos os meus "pecados", sobretudo os que me impedem sempre de em Janeiro estar em condições físicas aceitáveis para superar um dos percursos mais desafiantes das corridas em natureza portuguesas. É o trail, senhores, é o puro e duro trail!
Este ano a condição que refiro não estava melhor que nos anos anteriores e se nas edições de 2011 e 2013, tinha algum treino, mesmo que miserável e uma ou outra prova de "pré-época", este ano, nicles, rien, nada!
Sentimentos de culpa e receios de insucesso postos de lado ( não ajudam em nada), atirei-me para o empeno, como uma fera esfomeada se atira a um osso mas podendo engasgar-se com ele. Ainda tive um momento de "pieguice" quando há 15 dias, percebendo no que me estava a meter ( pela terceira vez), tentei vender a inscrição. Felizmente a organização não permitia mudanças de última hora o mesmo que dizer, "vem até cá que nós tratamos-te do pêlo". Eu, caí em mim e com esta mentalidade de soldado, mas já cheio de caruncho, respondi-lhes também em surdina: " o pêlo e a barba, pode ser?!".
Fui para Miranda do Corvo na noite anterior à prova para não ter de me levantar às 3 da matina em Lisboa. Com direito a companhia "fraterna" na boleia e a "cunha" de um amigo para dormir num "sítio decente". Livrei-me dos "solos duros" onde já tive muitas noites de insónia, porque entre ressonares, peidos e malta excitada com a "véspera do acontecimento", que entra e sai, conversa a noite toda e acorda com as galinhas, eu vejo um filme surrealista do Fellini na minha cabeça e desejo, em vez de uma boa dose de proteína, antes um revigorante "xanax".
Ambiente festivo à partida onde (re) conheço uns quantos "cromos" ( a maioria pessoas que admiro e com quem tenho (re) encontros saudosos e de manifesta amizade) e muita malta "nova" nestas andanças ( talvez, por andarem nisto há dois trés anos olhem para mim da mesma forma, como uma "novidade").Malta equipadinha a rigor, "vestida para matar" ( ou ser morto pelo que fui vendo lá para Mestrinhas quando o frio apertou), muitas meninas com carinhas larocas ( no meu tempo não era assim, caramba como me sinto velho) e, pelo que percebo durante a prova, espírito bastante combativo. Aliás, durante o percurso pude comprovar isso, tentei ajudar mais do que uma vez e ouvi um, "eu subo sozinha", caí num buraco e foi uma menina que me tirou de lá, doutra forma bem podia partir as unhas que não saía. Apesar de alguns exageros "afirmativos", confesso que gosto desta atitude ( sempre gostei de ver este lado feminino que contrasta com tanto estereotipo que se faz do género, apesar de muitos deles serem reforçados pelo próprio).
Estava portanto eu na partida que tinha sido adiada duas horas por causa de uma chuva diluviana durante toda a noite. A organização anunciava que os trilhos já de si difíceis, tornaram-se ribeiros e os com declive, verdadeiras cascatas que corriam livres serra a baixo. A lama que no ano passado cobria  todos os pés, passou agora a ir até meio da canela e em alguns casos até ao joelho. O desafio era portanto maior do que o de anos anteriores, "porreiro pá", estou mesmo prontinho para a "dose", só espero é que não doa muito! 
E lá vou eu para a terceira em cinco edições dos Abutres. Hoje quando vi as fotografias que me tiraram na prova pergunto: "aquele gajo barrigudo, barbudo e meio marreco sou eu?!", bolas, o que a idade faz às pessoas(!) De facto a andropausa não perdoa, parece uma segunda adolescência, um tipo não se priva de nada que conforte o estômago e os sentidos. E o barrigudobarbudomarreco começou a subir a serra como um verdadeiro troglodita atrás de um Mamute ( onde é que eu já vi isto?). Deixo para trás a companhia da viagem a Miranda, sem quebras de solidariedade, cada um está ao seu ritmo, tudo zen. Eu entusiasmo-me, apesar de pesado sinto-me cheio de "pica". Penso que a todo o momento "vou pagar a fatura". No ano passado entre o "Centro de BTT" ( alto da Lousã) e a aldeia do Gondramaz, num dos trilhos mais bonitos de todo o percurso, amaldiçoei o dia em que me tinha inscrito" naquele inferno". Para já "estou no céu", apesar da "lei da gravidade", sobretudo nas subidas me dizer o contrário, é que 92kg de "felicidade" notada, não é propriamente a "singela" maça que caiu na cabeça newton ( espero não estar a dizer nenhuma asneira, mas se o for, a "culpa" é da andropausa) . ( continua)

sexta-feira, janeiro 30, 2015

CONTAGEM DECRESCENTE


A menos de 24 horas da partida. Vou ali arrumar a trouxa.

PS - Nem sei mesmo porque é todos os anos me meto neste empeno sem treinar o que devia. Este ano o objetivo já não é ficar abaixo das 9h, é acabar nas 13h de tempo limite. Se os deuses da Lousã e as minhas costas deixarem, às 22horas de Sábado gostava de estar a comer uma "Chanfana de Cabra" em Miranda do Corvo. A ver vamos... Wish me luck!

TERÇAS À NOITE AO PÉ DE CASA


Os treinos das terça-feiras à noite pelas 20h30 mantêm-se desde há cerca de dois anos. De todas as vezes que apareço por lá, encontro sempre gente nova e meia-dúzia de "incondicionais", os mesmo que vejo ir a tudo e a todas, numa motivação que já tive e agora invejo ( um bocadinho só). Mas passam-se semanas que não "ponho lá os pés", umas vezes por preguiça, a maioria por trabalho e outras, porque correndo de manhã, não me apetece repetir a "dose" à noite e quero ficar no remanso de casa, o PDI pede-o e o inverno tem sido frio. Nestas últimas duas semanas voltei a ser um assíduo das "terças-feiras", por pressão dos Trilhos dos Abutres onde quero chegar ao fim mas também pelas vozes que vão zurzido acerca do meu descuidado sentido estético ( não vejo nada, sobretudo para baixo do nariz). Sinceramente gosto das terças-feiras, o grupo é sempre animado, recupero o meu défice de socialização e acabo por fazer sem dar por isso aproximadamente 16km de treino nos bonitos trilhos de Monsanto. Aqui estão 18 os que se aventuraram nesta noite fria, mas lá mais para a Primavera, com os dias mais amenos, chegam a aparecer 40.

sábado, janeiro 17, 2015

OS FRANCESES SÃO OS MAIORES!

UTMB 2010


É sabida a minha simpatia natural pela França e pelos franceses. Das três vezes que ali estive foram sempre momentos agradáveis que guardo de um país com gente educada e simpática, campos floridos e ordenados e cidades cheias de história e respectivo património, quase sempre bem conservado. Admiro o que vem da França, sobretudo os seus ideais civilizacionais, os valores republicanos, as "escolas" de pensamento filosófico, sociológico, historiográfico, artístico e político e entre muitas outras coisas, os prazeres da mesa, como o pão ( ai, os brioches) queijo e "tinto" ( perdia-me nas três filas que quase todos os supermercados dedicavam aos vinhos, champanhes e outros etílicos de qualidade). 
Apesar deste "kit da felicidade", a maioria dos gauleseses e gaulesas ( elas loirinhas, femininas e muito "coquetes") não tem a barriga de obelixes. São na generalidade magros porque pelo que observei comem com parcimónia e pouco antes de ir para a cama e na sua maioria, fazem desporto ( claro que se fizessem um estágio gastronómico em Portugal, nem o muito desporto os safava de se assemelharem ao célebre personagem de Urdezo).
E para provar esta ultima afirmação, ao fazer uma pesquisa hoje pelo calendário de provas de "Trail Running" europeu vi que só na França existem 2069 organizações deste tipo, muito longe do 2ª lugar da Grã Bretanha com 359 eventos e dos "nuestros hermanos" com 274. Uma curiosidade: Portugal com 66 ultrapassa a Alemanha com 62. Tomem lá, ganhámos!

Não fosse eu ter-me tornado nestes últimos tempos um COFS ( corredor ocasional e de fim-de-semana) e andar sempre a contar os tostões, todos os anos estava batido na Gália para um "retiro espiritual". Claro que os copos de vinho de Bordéus ajudavam a que o momento fosse ainda mais Zen!

Adieu.

2015 - 2016 Europe Trail Race Calendar

terça-feira, dezembro 30, 2014

ESPERANÇA - BOM ANO DE 2015


Se para mim 2014 não foi um grande ano desportivo, encerro-o com uma jovem ciclista, que diga-se aprendeu a andar de bicicleta em duas horas há pouco mais de cinco meses e depois de anos de recusa, a prometer-me: " pai, um dia destes vamos fazer a volta a Portugal juntos". Se este ano foi marcado, além das participações esporádicas em provas, por duas inéditas desistências ao longo de quase 20 anos de retorno à pratica desportiva, tenho cá em casa uma cinturão laranja de karaté, que mostrou a todos, sobretudo aos que não acreditavam que fosse capaz, o que é o "b à ba" do kata. E se os meus 90kg, as sucessivas lesões, os treinos espaçados por semanas, são os efeitos de um maior sedentarismo em consequência de mais horas de trabalho, muitas delas nocturnas, com má alimentação e menos descanso, oiço o treinador da piscina, o professor de ginástica da escola, entre aqueles que acreditam que a profissão vai mais além das competências técnicas ( porque sem investimento afectivo pouco se consegue na vida), dizerem-me, " a sua filha teve uma evolução fantástica!".
Há uma palavra que destaco nesta fotografia ( entre muitas palavras significativas) que é, ESPERANÇA! Será o que vos desejo também em 2015! Bom ano.

REGRESSA AO LUGAR AONDE FOSTE FELIZ

  É bem provável que já não encontre ninguém por aqui, naquilo que há uns anos chamávamos de "blogoesfera". A blogosfera era uma e...