Há dias da nossa vida em que na simplicidade (re)encontramos algumas dos fundamentos da nossa existência colectiva e apetece-nos gritar de plenos pulmões - sinto-me vivo! Eu tive essa impressão na sexta-feira passada quando mais uma vez participei na Massa Crítica.
O nome para alguns pode parecer estranho, mas denomina em linhas gerais, um movimento mundial pacífico e apolítico ( no sentido ideológico do termo, não no de participação na vida pública) que congrega espontaneamente pessoas de diferentes condições, idades e profissões e que fundamentalmente reivindicam uma utilização segura da bicicleta em espaço urbano, e não só... Se reflectirmos um pouco "criticamente", percebemos facilmente que o uso da bicicleta impõem-se nos dias que correm com a grande pertinência dos seus argumentos: melhor e maior e preservação ambiente, estilos de vida saudável, utilização racional e funcional dos espaços colectivos e por ai fora. Se continuarmos a "cavar" nesta reflexão abrem-se múltiplas perspectivas de discussão: a "ditadura do automóvel" que transformou e descaracterizou as nossas cidades com "rios de alcatrão" e outras infraestruturas nas quais se gastou em grande parte o dinheiro que hoje obriga a vermos reduzidos os salários, a protecção social, os apoios à educação, projectos de construção de zonas verdes e incremento de transportes públicos na "gaveta", isto além do consumo excessivo e catastrófico do petróleo e, mais uma vez, por ai fora...
Podia passar dias a fio a escrever sobre isto. Sobre a certeza de que a grande maioria de nós foi condicionada a estilos de vida perniciosos sobretudo associados ao consumo que comprometem o frágil equilíbrio entre nós, nas relações que estabelecemos em comunidade e sobretudo com o mundo natural.
Na questão mais específica, a utilização da bicicleta em espaço urbano, a postura reivindicativa é de uma legitimidade que muitos dos que buzinaram "contra" os ciclistas na sexta-feira deviam corar de vergonha se pensassem que os custos da utilização intensiva do "seu" automóvel ( poluição, acidentes e as suas horríveis consequências, infraestruturas, segurança, etc, etc) que pesa muito nos seus bolsos de contribuintes, pesa ainda mais naqueles que utilizam a bicicleta frequentemente nas suas deslocações diárias, porque o " custo benefício" é substancialmente reduzido nestes! Quantas ciclovias há em Lisboa?! Poucas, más, inseguras! Eu sei porque já circulei na maioria delas. Não pergunto quantos túneis, vias rápidas, estacionamentos, etc, etc, etc, vi surgirem entretanto. Podemos apelidar isto de um grosseiro défice democrático.
Imaginemos pois uma cidade das pessoas para as pessoas, e nesta quase utopia, cabem certamente as nossas bonitas bicicletas e a sua simbólica liberdade.
MASSA CRÍTICA, andar de bicicletas todos os dias, celebrarmos juntos uma vez por mês.
Parabéns a todos, I fell alive!
1 comentário:
Boa! Quase por incidente estive no meeting point da Massa Crítica quando regressava a casa na 6ª feira depois do trabalho... de bicicleta! :-) Yes, it feels alive!
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