Depois de Vilamoura sigo por um estradão de terra paralelo à Praia da Falésia com demasiados carros e poeira. Mais à frente a alternativa é seguir pela estrada dos Olhos de Água na direcção de Albufeira. Não descubro o caminho junto à costa nem a ecovia, mas descubro um "Alisuper" com cerveja fresca. Compro duas(!) e um pacote de cajus e sento-me a beberricar e a imaginar que se as horríveis urbanizações que tenho em frente do outro lado da estrada não tivessem sido construídas por um qualquer pato-bravo, eu pedalava numa verdadeira "ecovia" a ver o bonito mar algarvio. Tenho a consciência que estou a ser injusto, se estas urbes "farinha âmparo" não tivesse surgido ao longos das últimas décadas, seria difícil alojar todos os agora pequenos burgueses suburbanos daqui e do norte da Europa, despejados aos "montes" pelos charters "low-coast" no aeroporto de Faro ou desembocados na A2 ou IC1, ávidos de um bocadinho de calor, descanso e umas bebedeiras de caipiroskas e gins tónicos. Afinal, "quando o sol nasce é para todos", já dizia não sei bem quem, mas com razão, até um dia destes!
Chego passado pouco tempo a Albufeira depois de um "up and down" em estradas que se cruzam aparentemente sem sentido e os "tais" prédios também chamados "clubs" ou "quintas", entremeados com "fast foods" de menus "british", bares de de "Karaoke", "folk" e "irish",num verdadeiro "arraial" para as massas que gostam de viver a vida "cocktail" ou "loca", como dizem os nuestros hermanos. Gosto de Albufeira, cicla-se bem porque muitas ruas são fechadas ao trânsito, tem uma arquitectura de inspiração mourisca e "bifas" mal passadas de olhinos verdes e azuis que ajudam a quebrar a monotonia das morenas daqui o ano todo.
"Al Buhera" ao final de uma tarde de Julho
"Portas do Mar" ou o que resta de uma antiga povoção muralhada. Por aqui passaram Fenincios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Mouros, até ser portuguesa... ou, espera, será agora inglesa? Alemã? Holandesa? Brasileira? Não interessa, "o mundo é a nossa casa"! Que o digam os donos das "lojas chinesas" e dos "supermercados paquistaneses" que vejo aqui, como já vi além fronteiras. Como diz Thomas Friedman, o mundo agora "é plano"!
Qual "ecovia" qual quê. Dou com ela novamente depois de sair de Albufeira, próximo do Porto de Abrigo, para a perder novamente mais adiante. Procuro então a linha de costa, fazendo trilhos sinuosos em rocha junto das arribas, numa versão mais do agrado da minha GT. São muitas as bonitas praias de enseada que já se vão esvaziando ao final da tarde.
Depois os areal estende-se com a Praia da Galé até Armação de Pêra.
Antes a bonita zona dos Salgados, com uma duvidosa floresta de palmeiras que daria para o Coppola fazer mais um remake do Apocalipse Now
Encontro a Ecovia e logo da melhor forma, viva a CEE!
100k e 10mts, um bocadinho mais atrás e as contas eram "redondas".
Para não dar a volta à Riberira de Alcantarilha numa estrada cheia de trânsito, opto por arastar a bicicleta entre dunas até à praia onde a referida ribeira morre antes de chegar ao mar. Já estou em Armação de Pêra após 7hrs a percorrer os Algarve com muitos enganos e paragens pelo meio. Apesar da desilusão de não econtrar uma verdadeira "Ecovia", pedalo, descubro, viajo, sonho e bebo umas cervejas frescas ao sol dourado do sempre sul... e por lá sigo.
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