Em 2007 andava eu chateado com os meus "pouco saudáveis 85 kg". Sete anos depois será que vale a pena chatear-me com os meus "pouco saudáveis 90 kg"?! Bah, pevides... :-)
No ano passado a propósito dos 20km de Cascais escrevi aqui no blog:Cascais é um excelente local para a realização de eventos desportivos. A paisagem urbana da vila enquadrada por um mar a perder de vista é de facto fabulosa. A estrada para o Guincho, a Serra de Sintra ao fundo e um cheiro peculiar (e único), fazem-me vibrar os sentidos de prazer. Subscrevo novamente o que disse então, é um prazer sempre renovado regressar a este espaço. Mais á frente no mesmo texto acrescentava: Quanto a esta prova, continuo a achá-la de boa qualidade organizativa, com muita participação ( sobretudo com muitas caras bonitas). O tempo foi o pior que ali fiz em todas as participações, mas depois de algum tempo parado e de algumas "caliqueiras" que persistem, vento forte e uns poucos saudáveis 85kg, até que não foi nada mau. Não é que qualquer semelhança com o ano de 2006 é pura realidade! Bem não é bem assim, apesar das semelhanças houve coisas diferentes é certo, a começar...
A caminho de Cascais engano-me ao querer virar no acesso Caxias - marginal e entro na CREL. Comento com o meu filho "bolas já me enganei, mais há frente devia haver uma mudança de direcção", o que há é afinal (mais) uma portagem (infelizmente não estou a conduzir numa estrada espanhola, estou em Portugal, carago)! Estava fulo e não disse "bom-dia" ao portageiro, reconhecendo nesta atitude falta de educação, mas, ou eu tinha mesmo cara de poucos amigos, ar de mau pagador, contestatário das portagens na ponte 25 de Abril ou a Brisa só ensina os seus funcionários a estender a mão, da boca do senhor não ouvi nem um gentil "obrigado". Ultrapassado este "obstáculo", felizmente para mim nada é estranho nos "arrabaldes" de Lisboa, sigo pelo IC19 até Sintra, depois Autódromo do Estoril, Birre e finalmente Cascais ( sem portagens, aleluia!) .Estamos atrasados, estaciono o carro, equipamo-nos à pressa e "voamos" para o local da partida onde levanto o dorsal para os 5km do meu Jonnhy Bravo. Depois procuro caras conhecidas, as primeiras que encontro são as da minha sempre grande família "Lebres do Sado" que me dão o dorsal para os 20km ( obrigado Paulo Mota) depois o Vítor Silva e a sua simpática família e outros conhecidos a quem distribuo olás e cumprimentos entre eles a minha amigável colega “blogger” Lénia Gamito ( desculpa não termos conversado muito mas existirão outras oportunidades para o fazer nas calmas, quem sabe à mesa com outros camaradas de corrida e de bloguiçes). O meu filho lembra-me que temos de aquecer, um aquecimento que fazemos demasiado rápido pois já se fazia tarde para alinhar na partida segundo as palavras do "speaker" que chama os atletas. Entro quase na cauda do "magote" de atletas ( havia mais este ano?) e aí estava eu para, se não estou em erro, correr os meus 6ºs ( ou 7ºs não sei ao certo) 20km de Cascais!
Comecei em bom ritmo e ao quilómetro dois juntam-se a mim o António Soares, também apelidado de "Lass Viren" ( qualquer semelhança é pura coincidência) e o Vítor Silva, que estavam como eu costumo dizer, "afinadinhos". Fizemos um trio até cerca dos 6km, altura em que o Vítor mais prudente decidiu reduzir o andamento, enquanto eu continuo com o Lass Viren que depressa me deu a entender que a maratona de Sevilha que fizera na semana anterior não o tinha "beliscado". Mantivemos assim um ritmo vivo e solto ao ponto de arrastarmos vários atletas e formar um excelente pelotão. Aos 10km sentia-me muito bem e pensei que ía melhorar o tempo do ano passado pois se conseguisse manter este andamento até final chegaria com um tempo entre as 1.26 - 1.30. Entre os 10.5km e o retorno aos 12.5km o vento estava mais forte, devia ter-me resguardado na retaguarda do pelotão, não o fiz e passado 1km do retorno o grupo começa a fragmentar-se com os puxões dos mais "frescos", eu (re)colei, descolei, tentei outra vez colar-me ao grupo e nesta última tentativa ´desesperada fico "pregado ao chão", o Soares lá seguiu com quem se aguentou. Fico sozinho, menos moralizado e começo a ser ultrapassado por alguns atletas mas também ultrapasso outros que deviam estar a pagar pela mesma luta que contra o vento.
Já eu tinha colado os olhos ao chão, sinal que sofria. O primeiro sintoma: as pernas que pareciam trapos,! Segundo e o pior: um ardor terrível na arcada dos pés que foi piorando quilómetro a quilómetro e do qual resultaram duas enormes bolhas de sangue da minha interminável "novela podológica". A arrastar-me até à meta ainda oiço um incentivo da Lénia ao quem respondo, penso eu, um pouco "au relanti". Perto do final, uma ultrapassagem pela direita do camarada forunista Fernando Andrade ( assim não vale), que em grande estilo de trás para a frente numa passada demolidora diz "olá Zen", o mesmo que dizer " o que é que estás aí a fazer parado"? Eu ainda me tento justificar "não posso com uma gata pelo rabo camarada", ele sorriu, eu já não tinha muita vontade para isso e vi-o distanciar-se cada vez mais. Cortei meta com 1.34 ( pior que no ano passado em 2m), fim, finito, finish, o meu filhote dá-me um beijo de parabéns, está feliz eu fico feliz.
Resumindo e baralhando, com 14 semanas de treino para uma prova de 148km e a 68 dias do começo desta, estou muito longe da forma adequada para participar em tão grande empreendimento. O próximo mês ditará um veredicto!
Posted By Zen to O Homem da Maratona at 2/19/2007 05:33:00 AM
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