Em 2006 estava de partida para mais umas férias em família... no meu (nosso) sul.
Foto: Eu e o meu Jonhy Bravo na praia da Galé - Grândola durante o Melídes - Tróia
Tenho o privilégio de pertencer a este Sul onde se é indolente mas corajoso. Onde a pele e os rostos das pessoas guardam a memória da riqueza da mestiçagem com orgulho. Onde somos todos ao mesmo tempo “ Mouros” e “ Africanos” sem esquecer que somos portugueses. Onde se reza em mesquitas que são igrejas e talvez sinagogas venerando “santos” marxistas.
Na gaveta das memórias alegres da infância estão os caminho do sul ao som repetido das músicas do Roberto Carlos ou de uma Jazz Band que nunca soube o nome no leitor de “cartuchos” do potente “ Ford Cortina XL” do meu Pai. Estão as melancias, melões e meloas comidas a golpe de navalha à beira da estrada enquanto outros viajantes do sul nos acenavam à sua passagem. Estão as sardinhadas comidas num terraço algarvio com o “ Ti Jaquim de Olhão” a dançar um corridinho na companhia da sua espanhola colada ao rádio e para a qual pedia sempre um copo de vinho pois não gostava de beber sozinho, porque solidão já ele sentia aos remos do seu bote durante a faina diária. Está também uma bonita menina de pele de ouro que me fazia tremer de fascínio nos meus pueris seis anos e que mais tarde soube ter sido dama de honor num concurso para Miss Portugal. Estão muitas outras coisas que preciso de desempoeirar e que agora não me apetece contar, revoltado pela injustiça do tempo que mata a todo o instante e como qual lutamos cientes que à partida seremos derrotados, mesmo que a arma seja memória que nos parece sempre mais viva que o presente.
Mais tarde Lagos, dormir na areia da praia, usar o meu primeiro casaco de ganga emprestado, não mostrar B.I para entrar no Tijuana ou no Doors e ver GNR num estádio de futebol a abarrotar a tocar o “quero ver Portugal na CEE”… eu também queria seu "europeu", agora não tenho tanto a certeza disso. Depois Porto-Covo, fogueiras na praia, vida de hippie e namoradas que me diziam “I love You”, com excepção da Isabelinha do Porto que com o seu português terno do norte me dizia “ és cá um murcon… mas és um tipo fixe” e de quem guardo as melhores recordações, sobretudo de uma madrugada a tomar banho nús numa cascata no paraíso de Milfontes. Ah...mil amores!
Levaria horas a escrever sobre Odexeixe, Zambujeira, Melides, S. André, Cercal, Ilha do Pessegueiro, Sines, as furnas em Milfontes, Odemira … eu conheço tantos caminhos do Sul, mas não, talvez mais tarde, salto por agora para o meu passado recente. Levei o meu filho mais velho de férias pela primeira vez para o Sul, a minha pequenita também. A minha mulher e também a ex-mulher, passei com elas as primeiras férias a dois, no Sul. A minha paixão desportiva era mais intensa em Montegordo durante o triatlo com o mesmo nome, não sei, não me perguntem porquê, talvez fosse a travessia da ponte do Guadiana, o fantástico convívio final depois da prova, ou talvez o facto de estar no Sul.
Foi agora no Sul que fui ver o Raid Melides- Tróia do qual escreverei umas linhas depois de voltar do… sul.
Eu ao contrário de muitos Homens que tentam na bússola das suas vidas encontrar o Norte, eu não, eu quero sempre (re) encontrar o SUL.
Boas férias.
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Posted by Zen to O Homem da Maratona at 8/02/2006 08:26:00 AM
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